No
livro A Missão Virtual, há um
episódio muito interessante que vale a pena contar a vocês.
Trata-se
de uma aventura no mundo virtual, vivida por três crianças: Gilberto, Teca e
Serginho.
Em
certo momento da aventura, caminhando numa região montanhosa, acompanhados por
Seu Timón e pelo gorila Migão, eles chegam à entrada de uma caverna encravada
nas paredes de um “canyon”. Seu Timón entra, e os outros seguem atrás. Andam um
pouco e chegam diante de uma parede com uma porta fechada. Em cima, há uma
placa onde se lê: FAÇA UMA BOA AÇÃO E RECEBA UMA GRANDE RECOMPENSA.
Teca
coça a ponta do nariz.
– Que
esquisito! – exclama. – Se alguém faz uma boa ação para receber uma
recompensa...
– Já
não é uma boa ação – completa Gilberto.
Seu
Timón abre a porta e entram numa sala que mais parece uma loja. Nas paredes há
várias prateleiras com objetos ainda dentro das embalagens originais: inúmeros
tipos de brinquedos, roupas exóticas, eletrodomésticos, jóias... Os olhos das
crianças brilham ao olhá-los. De repente Gilberto exclama:
– Olha
aqui, Serginho! ... É aquele acampamento apache que a gente morre de querer...
– O meu
patim! – exclama Teca, segurando um belo modelo de patim nas mãos. – Eu sempre
quis ter um desses.
Seu
Timón observa uma pequena bolsa com uma plaquinha onde está escrito: “Bolsa
mágica. Contém sete moedas de ouro. Sempre que seu dono tirar uma, surge outra
igual em seu lugar”.
–
Arre!!!... Quer dizer que o dono desta bolsa pode ser a pessoa mais rica do
mundo – diz seu Timón para si mesmo. – É só ir tirando moedas de ouro...
Até
Migão apanha um brinquedo, um boneco com cara engraçada. Nesse momento, abre-se
uma porta nos fundos da sala. Os cinco olham desconfiados.
– Se a
porta está aberta, acho que é para a gente passar – diz seu Timón, passando
para o outro lado.
As
crianças largam os brinquedos nas prateleiras e o seguem, desembocando numa
gruta cheia de estátuas assustadoras. Parecem pessoas petrificadas: homens,
mulheres e crianças. Teca se aproxima para olhá-las mais de perto, dá um grito
e corre a abraçar-se com Gilberto, exclamando:
– Essas
estátuas parecem gente!
Mas os
sustos não ficam por aí. No fundo da gruta, sentado num grande trono de ouro
todo cravejado de pedras preciosas, está um homem vestido como um rei, mas com
ar muito triste. Tem os pulsos algemados ao trono. Ao ver os visitantes, por
seus olhos passa um reflexo de esperança.
– Sejam
bem-vindos – diz com entonação ansiosa. – Eu sou o rei destas montanhas.
As
crianças olham-se, assustadas. Seu Timón apresenta um ar enigmático.
–
Aproximem-se por favor – continua. – Não tenham medo... Não estão vendo que
estou algemado?
As crianças e seu Timón aproximam-se, e Migão
vai até o trono examinar tudo com sua natural curiosidade. O Rei continua, com
tristeza na voz:
–
Antigamente, todos os dias eu cavalgava ao amanhecer, despertando a natureza...
Tudo tinha vida e beleza. As encostas eram cheias de mata, pequenos riachos e
magníficas cascatas. Havia muitos animais silvestres, muitos pássaros... tudo
era alegria.
As
crianças estão impressionadas. Teca, penalizada, pergunta:
– O que
aconteceu?
– O
gênio do mal conseguiu me prender aqui. Não posso mais acordar a natureza ao
alvorecer. Vocês devem ter visto que lá fora está tudo morto.
– E não
se pode fazer nada? Ninguém pode soltar o senhor? – pergunta Serginho.
– Pode
sim. Qualquer pessoa pode. Se quiserem, vocês mesmo podem me libertar.
O Rei
faz pequena pausa e conclui com indisfarçável ansiedade na voz.
– E
podem pedir qualquer coisa como recompensa.
Os
olhos de Serginho brilham, ao perguntar:
–
Podemos pedir o acampamento apache”?
– Podem
sim. Qualquer coisa... até mesmo aquela bolsa mágica.
– Bolsa
mágica? – pergunta Teca, muito curiosa.
– É uma
bolsa com sete moedas de ouro – explica o Rei. – Quando seu dono tirar uma,
aparece outra no lugar.
As
crianças, maravilhadas, retornam correndo à sala dos brinquedos. O rei espera,
com expressão terrivelmente ansiosa, pensando: “Será que eles vão cair na
armadilha?”
Na sala
dos brinquedos, as crianças continuam olhando tudo para melhor poderem escolher
as recompensas. Mas não estão mais tão entusiasmadas quanto antes. Gilberto
externa o pensamento dos três:
– Vocês
acham certo a gente pedir recompensa por uma boa ação?
Olham
umas para as outras em silêncio, e suas expressões alegres vão murchando. Sem
dizer palavra devolvem os brinquedos às prateleiras. Gilberto tira o boneco das
mãos de Migão, dizendo com carinho, mas firmeza:
–
Migão, desta vez não vai dar.
Seu Timón sorri sob o bigode grisalho,
acompanhando as crianças de volta à gruta das estátuas. Gilberto, como
porta-voz do grupo, dirige-se ao Rei.
–
Desculpe, seu Rei, mas nós não queremos recompensa. Basta o senhor dizer o que
é preciso fazer.
Mal
acaba de falar, as algemas abrem-se misteriosamente. O Rei levanta as mãos
olhando para elas, quase sem acreditar em tamanha ventura. Quando se convence
de que está livre, uma expressão de indizível felicidade vai se espalhando por
seu rosto. Volta os olhos para o alto numa expressão de gratidão, enquanto duas
grossas lágrimas rolam dos seus olhos.
– Até
que enfim!!!... Até que enfim, meu Deus!! – exclama. – Eu estou livre... livre!
As
crianças estão mais do que espantadas, e seu Timón sorri abertamente. O Rei
levanta-se e desce daquele trono-prisão, movimentando os braços para fazer
retornar a circulação. Aproxima-se das crianças, ajoelha-se diante delas
dizendo, com lágrimas nos olhos e na voz:
–
Obrigado. Muito obrigado. Vocês salvaram mais do que a minha vida. Vocês me
deram a liberdade.
– Mas
nós não fizemos nada! – exclamam os três ao mesmo tempo.
O Rei,
profundamente emocionado, explica com a voz embargada pelos soluços que procura
conter:
– Para
eu ficar livre, era preciso aparecer alguém grande o bastante para não aceitar recompensa pela boa ação.
Serginho,
sem entender bem o sentido daquelas palavras, replica:
– Mas
nós não somos grandes... somos crianças.
Seu
Timón não consegue conter o riso, que soa estranhamente naquela cena repleta de
emoção. O Rei olha para ele, levanta-se e vai abraçá-lo, exclamando:
– Como
são inocentes essas crianças! Tão dignas e tão nobres...
Apontando o dedo para as estátuas, continua:
– Estão
vendo? Todas elas são pessoas que aceitaram recompensa para me libertar e foram
transformadas em pedra.
Um
frêmito de horror perpassa pelo grupo. As crianças, assustadíssimas, ficam
algum tempo olhando para aquelas pessoas transformadas em pedra, pensando que
naquele momento elas próprias poderiam estar assim. Só seu Timón permanece
sorridente, como se já conhecesse aquele enredo. Finalmente, Gilberto,
recuperando-se um pouco do susto, pergunta:
– Quer
dizer que, se a gente tivesse aceitado recompensa para libertar o senhor...
agora...
– Agora
vocês estariam ali, transformados em pedra – completa o Rei.
O facilitador deve socializar a conversa,
lembrando que essa história é imaginária, mas mostra como agem pessoas de bom
caráter e com boa formação moral. São pessoas que respeitam a si mesmas.
Agora vamos fazer um exercício de relaxamento com
visualizações.
Vamos,
então, fechar os olhos e respirar fundo algumas vezes para relaxar... (dez segundos)
Vamos imaginar que estamos numa praia deserta, à
beira-mar... (cinco segundos)
As ondas vêm quebrando suavemente na areia, molhando
nossos pés... (cinco segundos)
Inspiremos
calma e profundamente, procurando sentir a energia do mar entrando em nossos
pulmões e espalhando-se pelo nosso corpo... (cinco
segundos)
À nossa
frente temos a imensidão do mar, e acima de nós o céu muito azul... (três segundos)
Vamos
aproveitar este contato com a natureza, este momento de calma, para elevar
nosso pensamento a Deus. Eu vou fazer uma prece e vocês acompanham, só no
pensamento:
“Pai nosso que estás em todo o universo,
ajuda-nos a santificar o teu nome através dos nossos pensamentos, palavras,
sentimentos e ações. Venha a nós o teu reino. Seja feita a tua vontade, aqui e
em toda parte. O pão de cada dia dá-nos hoje e todo dia. Perdoa nossas faltas,
assim como perdoamos nossos ofensores. Não nos deixes cair nas tentações, e
livra-nos de todo o mal. Assim seja.”