Vocês se lembram da história da Mariazinha e do seu
sonho sobre o planeta Hipotálus? Lembram que os cientistas de lá haviam
concluído que não existia Deus, ou seja, um ser superior responsável pelas leis
universais e pelo comando do universo? Com isso, o acaso tomou conta de tudo, e
a confusão foi tamanha que o planeta acabou explodindo.
Pois bem, depois que Hipotálus explodiu, Mariazinha
sentiu-se espalhada ao longo da órbita daquele planeta. Foi aí que ela apelou
para Deus, o Ser Supremo, recebendo a ajuda de que precisava.
Mariazinha tinha ficado muito impressionada com
aquele sonho e resolveu saber mais sobre a questão da religiosidade, da fé. Foi
então procurar na biblioteca do pai alguns livros sobre Deus e achou a Bíblia.
Folheou daqui e dali e sentiu-se interessada pela história de Jesus.
Mariazinha gostava muito de ler, porque sentia como
se estivesse participando das histórias que lia. Assim, lendo a história de
Jesus, era como se ela estivesse lá, percorrendo os caminhos da Galiléia com
ele e seus discípulos, andando à beira do mar, ou sentada a seus pés quando ele
subia ao alto do monte para falar à multidão de pessoas que acorriam para
escutá-lo.
Era confortador ouvir Jesus quando ele dizia que
Deus é como um pai que acode seus filhos na hora da aflição. Mas achou meio
estranho quando ele disse que o maior dos mandamentos é “Amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”.
– É aí
que mora a dificuldade, pensou Mariazinha. – Se temos de amar o próximo, ou
seja, todas as pessoas... então precisamos amar também a nossos inimigos.
Preocupada,
foi procurar o pai, seu Geraldo, a quem explicou suas dúvidas e perguntou:
– Acha
que é possível olhar para um inimigo e sentir amor por ele?
– Bem,
minha filha – respondeu-lhe o pai – acredito que Jesus não quis dizer
exatamente amar um inimigo, porque isto é impossível, é contrário à nossa
natureza humana. Quando pensamos num amigo, nosso coração se abre, feliz, com
essa lembrança, mas, quando pensamos num inimigo, nosso coração não pode se
abrir assim, porque se trata de alguém em quem não podemos confiar. Eu acredito
que Jesus quis dizer que não devemos odiar nossos inimigos, mas sim perdoá-los
e desejar-lhes o melhor.
– Quer
dizer que não devemos desejar o mal para nossos inimigos?
Seu
Geraldo pensou por instantes e disse:
– Sabia
que todos os ensinamentos de Jesus têm fundo científico?
– Como
assim, papai? – perguntou Mariazinha, curiosa.
– Veja
só que interessante. Pesquisas científicas vêm comprovando que sentir ódio e
rancor faz mal à saúde, mas que o perdão e o amor fazem muito bem ao nosso
organismo; fortalecem o sistema imunológico.
Mariazinha
saiu pensativa. Estava começando a achar muito interessantes todas essas
questões.
Procurou
um livro que falasse sobre o perdão e, ao abri-lo, foi logo lendo: “Há dois mil
anos o que regia os comportamentos das pessoas era o “olho por olho, dente por
dente”, ou seja, o mal que alguém fizesse lhe era cobrado na mesma medida e da
mesma forma.
Isto
muitas vezes criava uma espécie de circulo vicioso da vingança. Digamos que
alguém da família “A” dava uma surra em alguém da família “B”. A família “B”,
então, tratava de revidar dando uma surra em alguém da família “A” e assim por
diante. Ninguém levava desaforo para casa e todos achavam que perdoar uma
ofensa era sinal de covardia.
Imagine
como seria se nesse cenário aparecesse alguém a pregar a necessidade de se amar
o próximo e perdoar todas as ofensas!
Pois foi
isso que aconteceu quando chegou Jesus. Ele fazia muitos milagres, e sempre
havia uma multidão de pessoas em torno dele, por onde andasse. A sua pregação
era toda voltada para a necessidade do perdão, da humildade e do amor. E foi
essa pregação que começou a mostrar ao ser humano o quanto são importantes
esses valores na vida das pessoas e das comunidades. A partir de então, o mundo
cristão começou lentamente a mudar, e hoje já existem milhões de pessoas que se
esforçam para seguir aqueles ensinamentos, procurando amar as pessoas, perdoar
as ofensas e livrar-se dos piores valores negativos que existem: o egoísmo, a
ambição e o orgulho.”
– Que
interessante, pensou Mariazinha. As pessoas deveriam conhecer melhor essa
questão do perdão. O mundo seria bem melhor...
E
quanto a nós? Quem de nós já consegue perdoar?
O facilitador deve incentivar respostas.
Somente
o perdão consegue quebrar o círculo vicioso da vingança de que falava o livro
que Mariazinha estava lendo. Só o perdão consegue dar paz.
Pensem
como fica o interior de uma pessoa que está com ódio. É como se esse sentimento
fervesse dentro dela, tirando-lhe até mesmo a alegria de viver.
E o
pior é que isto também faz mal à saúde, como tem sido comprovado por pesquisas
científicas.
Com a
raiva fervendo dentro de nós, até mesmo os nossos relacionamentos podem ser prejudicados.
Já o
ato de perdoar fortalece o sistema imunológico, o que é muito importante para
se ter boa saúde. Além disso, alivia nosso coração, abrindo caminhos para a
alegria.
E
quanto a nós? Será que sentimos ódio por alguém?
Pois
bem, sentindo ódio ou não, vamos fazer um exercício do perdão.
Fechemos
os olhos e respiremos fundo algumas vezes para relaxar. (dez segundos)
Pensemos
em algum animal ou mesmo em alguma coisa da qual gostamos muito... (cinco segundos)
Sintamos
como é boa a sensação de gostar, de querer bem. (cinco segundos)
Agora
pensemos numa pessoa a quem amamos muito.
(cinco segundos)
Sintamos
como é boa a sensação de amar alguém e de saber que também somos amados. (cinco segundos)
Agora
que estamos com nossos corações cheios de amor, pensemos em alguma pessoa da
qual guardamos alguma mágoa ou da qual não gostamos... (cinco segundos)
Imaginemos
que estamos vendo essa pessoa aqui na nossa frente e vamos dizer-lhe, só no
pensamento, mas de todo coração: “Eu perdoo você e lhe desejo tudo de bom”. (Vinte segundos)
Vamos
agora abrir os olhos, e vocês vão me falar sobre essa experiência.
Quem
conseguiu sentir que perdoa de coração?
O facilitador deve incentivar respostas e
socializar o tema.
Muito bem, podemos abrir os olhos, mas procuremos continuar
sentindo esses sentimentos tão maravilhosos que são o amor e o perdão.